Outro
epigrama
Se perdi a inocência
para ganhar o pão de cada dia,
com o suor do próprio rosto
lamento apenas tenha sido tão escassa
a inocência de que eu era servido.
Para que tão facilmente eu a houvesse perdido
E o pão de cada dia, em conseqüência,
Me seja, agora, uma simples migalha.
Por que não foi maior minha inocência?
Cassiano Ricardo Leite
Análise:
Quando o Poeta nesses versos afirma: “Se perdi a
inocência para ganhar o pão de cada dia”, retrata possivelmente, que a perda de
sua inocência estaria vinculada à necessidade de sobrevivência, uma vez que
tinha que trabalhar para ganhar o pão “com o suor do próprio rosto”.
A perda dessa inocência poderia estar relacionada talvez a
alguma dificuldade, ato considerado impuro ou mesmo pecaminoso aos olhos da
sociedade da época, ou a qualquer atividade que o tenha inserido de forma
involuntária no mundo dos adultos, da malícia, na forma de ver o mundo, as
pessoas, dentre outras.
O poeta lamenta ter “sido tão escassa”- pouca, a “inocência”
com que foi servido. Entende-se que as pessoas não o viam como uma pessoa
inocente, nem o tratavam como tal.
No verso 2, lamenta a perda da inocência , pois junto com
ela perdeu também o pão de cada dia, restando-lhe deste, agora, apenas as “migalhas”.
O arrependimento e a lamentação permeiam todo o poema e finaliza: “Por que não
foi maior minha inocência?” O poeta deixa claro que preferia ter mantido a sua
inocência a viver de tal forma; talvez tivesse tido um outro final e uma vida
mais abundante.
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